segunda-feira, 29 de março de 2021

Civil, Vigilantes Brasileiros e mais umas coisinhas

Fala ai, suavão? Devagar quase parando vamos voltando (?) com as postagens. Seguindo o ultimo post feito pela Babih sobre Civil, de Everton Gullar, me vieram na cabeça dois personagens que já tive contato e também são criações nacionais.

Pra quem não leu, Civil narra a transformação de um brasileiro com problemas e consciência social (se você ainda bate palmas pra GENOCIDA, creio não ter noção do que falo, mas vida que segue) em um justiceiro que tenta fazer sua parte matando políticos e empresários corruptos, desmantelando rede de tráfico de drogas e pessoas, enfim, diminuir o podre da sociedade.

Não que ele busque elevação espiritual ou algo do tipo, o que tenta é direcionar todo o ódio e frustração de uma vida de servidão e controle de diagnósticos taxativos e remédios supressores em algo vantajoso para os demais. Facadas mal dadas (e muito bem orquestradas) à parte, quem nunca pensou que o mundo seria melhor sem certos indivíduos?

Partindo da premissa “f*da-se vocês, f*da-se suas leis” (Dedo na Ferida, Emicida e Criolo, 2013), após ler Civil me vieram na cabeça duas obras que tive contato num intervalo gigante de tempo.

De Marcelo Campos, Quebra-Queixo narra contos do titular (QQ para os íntimos) que faz parte da Força Zero, um grupo policial ‘megapikadasgaláxias’ chamado para resolver casos que a força policial comum não dá conta. É uma HQ repleta de violência e humor ácido e o estilo de QQ é parecido ao do Juiz Dredd que agrega cargos de polícia, juiz, juri e executor. Tive contato no começo do século, lá por 2000 e muito pouco, quando nem tinha preferências literárias definidas, mas o que conhecia de HQs nem chegava perto.

Pulando uma década e meia tive o prazer de conhecer O Doutrinador, criação de Luciano Cunha, o vigilante que vários amariam conhecer. Miguel, O Doutrinador, é um agente federal altamente treinado que vive num Brasil governado por uma quadrilha de políticos e empresários (Wikipedia salvando no resumo).

Qualquer semelhança com a realidade não é coincidência, obra carregada de críticas ao governo, foi recusada por várias editoras por medo de processos, visto que falar a verdade nesse país não é visto com bons olhos e mesmo como obra de ficção a censura pega valendo (quem acha que não volte na música de Emicida e Criolo por gentileza e saiba que nem 10 anos atrás ela foi motivo de prisão do Sr. Leandro Roque de Oliveira, vulgo Emicida, por ser cantada ao vivo, isso ai, nerd MC preso por falar a verdade).

Mesmo com semelhanças (justiceiros ou vigilantes, como queiram chamar), Civil destoa por se tratar de uma pessoa sem treinamento e que não faz parte de força especial, simplesmente dá algum objetivo para a vida tentando diminuir o sofrimento alheio. Não romantizando o assassinato ou a justiça com as próprias mãos, mas há muita lógica nas ações de Heron. Como já colocado, ele não faz o que faz pelo utópico desejo de um mundo melhor, mas sim por ser o que pensa poder fazer para direcionar seus sentimentos e frustrações.

Enfim, quero saber: alguma obra que leve essa premissa já te chamou a atenção? Sempre bom conhecer mais, melhor ainda quando parte da mente de brasileiros.

Por Thiago Luiz Natus.

terça-feira, 16 de março de 2021

"Civil", de Everton Gullar

Olá, leitores? Como estão? Depois de um tempinho longe daqui (mudança, gatas novas, covid na família), trago para vocês hoje a resenha de uma obra que foi uma surpresa muito gostosa: "Civil, a história peculiar de um anti-herói urbano", do nosso autor parceiro Everton Gullar!

Heron nasceu e cresceu no Distrito, a cidade mais violenta do Estado. Criado por sua mãe, trilhou seu caminho como qualquer outro cidadão comum. Desde criança, sentia muita raiva no coração, não entendia como as coisas podiam ser tão injustas. Heron cansou de ser esmagado. Depois de tanta renúncia, decide se levantar contra os inimigos sem rosto que rondam o Distrito, e com a ajuda de uma parceira tão maluca e perigosa quanto ele começará a guerrear pela paz de uma forma não linear!

Leitores! É a primeira vez que leio uma obra do gênero Noir e digo para vocês: foi uma experiência muito boa!

Eu não tinha uma noção certa de como a história terminaria, claro que tinha minhas apostas, porém o final me deixou surpresa e querendo muito mais.

Heron não é bem um mocinho, na realidade ele é um anti-herói, que faz aquilo que muitos gostariam de fazer com as próprias mãos, se não houvesse o óbice das leis (se você é um "bom cidadão" que respeita estas, é claro).

E, no decorrer da história, o nosso anti-heroi conhecerá uma garota tão peculiar quanto ele!

Não, não temos aqui um "romance romântico" e eu gostei muito disso, pois é uma obra diferente, bem nacional mesmo, não tem como não pensar na realidade de muitos brasileiros e no sofrimento e injustiças que passam no dia a dia.

O Heron não é um cara perfeito. Na real, ele tem muitos problemas como a maioria das pessoas, o que me fez torcer por ele, mesmo não simpatizando com todas as suas ações e, nesse sentido, talvez nem todos os leitores "vão ir com a cara dele" (mas acredito que serão poucos, anotem o que eu digo).

Os capítulos se passam no presente e no passado e conforme a leitura progride o leitor vai montando o quebra-cabeça e conhecendo mais a história de Heron.

Eu gostei muito da escrita do Everton e estou ansiosa para saber como essa história vai continuar. Recomendo muito a leitura!

Beijos e até a próxima.

Por Babih Hilla.